O clube de leitura para trabalhadores/as da EOI de Compostela começou a andar com Montedidio, de Erri di Luca, um livro que nos leva da mão polas ruas de Nápoles, do peirão de Mergellina até os lavadoiros nos telhados das casas, a partir de onde as personagens do livro quase tocam o céu.
O narrador é um menino de 13 anos que escreve a sua história num rolo. Os pais, a namorada Maria, o sapateiro Rafaniè e o mestre carpinteiro Errico acompanham o protagonista nesta história de formação. Para além do argumento do livro, os pequenos pormenores dão um sabor poético que ainda se aprecia mais numa segunda leitura. Que valor terá no conjunto da história o boomerangue que o narrador recebeu como presente?
Na sessão de debate, além de partilhar comida e conversa (não faltaram as tartes de inspiração italiana), tivemos a sorte de contar com a participação de Cristina, de italiano, que traduziu o livro para o galego. Despertou a nossa curiosidade a presença do dialeto napolitano nesta obra e as estratégias para verter esses pormenores na tradução.
Também soubemos que, na verdade, não há nenhum Montedidio em Nápoles, mas sim, surpresa, um Monte de Deus a poucos metros da nossa escola, nas proximidades do bairro de Vite. Se as temperaturas fossem mais amenas, ainda nos animávamos a subir até ali. A coincidência topográfica poderá ser lida como um bom augúrio para o futuro do clube.
O clube prossegue agora com O último dia de Terranova, de Manuel Rivas. A sessão foi marcada para o dia 22 de janeiro, às 14h00, na nossa eoi.
Joseph, de português, escreveu esta crónica.